Mostrar mensagens com a etiqueta Eurico Dias. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Eurico Dias. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21822: Fotos à procura de... uma legenda (141): Afinal, nem Jabadá nem Gampará... A cena do banho e da "canoa turra" passou-se na "Tabanca Velha", a caminho do cais de Lala, Nova Sintra (Contributos de Carlos Barros, Virgílio Valente, Amílcar Mendes, Eurico Dias)


Guiné > Região de Quínara > Mapa de São João (1955) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bolama, São João, Nova Sintra, Serra Leoa, Lala, Rio de Lala (afluemte do Rio Grande de Buba)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


1. Andamos há três dias à volta de uma velha imagem, retocada, com quase meio século de idade, mostrando uma dúzia de militares (800 kg!) em cima de uma canoa, no "tarrafe", num rio (que originalmente se supunha ser o Geba). 

A foto foi enviada pelo Carlos Barros, mas o autor era o José Elias, ex-fur mil mec auto, da 2ª C / CART 6522/72 (Nova Sintra, 1972/74). O Crrlos Barros, da mesma companhia, estava na altura emTite...

Lançámos então o desafio aos nossos leitores para "completarem" a lacónica legenda do Carlos Barros... O BART 6522/72 estava então no setor de Tite com subunidades unidades colocadas em Tite, Fulacunda, Jabadá e Nova Sintra...

A 2ª companhia também esteve destacada em Gampará. Daí a hipótese de a foto ter sido tirada em Jabadá ou Gampará (, embora esta ficasse na foz do Rio Corubal) (*).

Sempre solícitos e generosos,os nossos dedciados leitores vieram, de pronto, responder. Virgílio Valente, da Tabanca de Macau, pôs a hipótese de ser o cais de Gampará(**) . E deu-nos também o contacto do seu camarada de companhia (, a CCAÇ 4142/72, Gampará, 1972/74), o ex-alf mil Eurico  Dias.

Escrevi ao nosso camarada Eurico Dias (que ainda não pertence à Tabanca Grande). Entretanto, também o Amílcar Mendes (, da 38ª CCmds, que estivera em Gampará, no 3º trimestre de 1972, membro da nossa Tabanca Grande, com 70 referências no blogue) respondeu, no Facebook, à questão da localização, dizendo logo que não podia ser o cais de Gampará (a 3 km do quartel).

E por fim temos um esclarecimento do Carlos Barros que parece pôr um ponto final nas nossas diligências. Só há um ponto a rectificar: não é no rio Geba,é o rio Lala, afluente do rio Grande de Buba... Reproduzimos a seguir as mensagens trocadas (Eurico Dias,Amílcar Mendes, Carlos Barros)


(i) Mail enviado pelo editor LG ao Eurico Dias:

Camarada Eurico Dias:

Bom dia, somos um blogue de ex-combatentes da Guiné, estamos na Web há 17 anos...Formamos uma comunidade de 825 amigos e camaradas da Guiné, formalmente "registados", incluindo o Virgílio Valente que me deu o contacto do ex-alf mil Eurico Dias (que, de resto, gostaríamos de ver, aqui, ao nosso lado, sentado à sombra do nosso poilão),,,

Será possível  o camarada confirmar o local onde foi tirada a foto que anexo ? Para o Virgílio Valente é o cais de Gampará...

 Para além do Virgílio Valente, a vossa companhia, a CCAÇ 4142/72, "Os Herdeiros de Gampará", está aqui representada, no nosso blogue, pelo Joviano Teixeira, natural de Tavira, ex-soldado cozinheiro.

 Um fraterno alfabravo (ABraço), saúde e longa vida. Luís Graça


(ii) Resposta do Fernando Eurico R Dias :

Date: sexta, 29/01/2021 à(s) 02:58

Subject: Foto Canoa - Jabadá ou Gampará

Boa noite:

Conheço há anos o blogue que muito admiro e vou frequentando como leitor, mas 'mea culpa', ainda não vim sentar-me à sombra do poilão. Fá-lo-ei brevemente.

Concordo com o que afirma Amílcar Mendez.  Nem a paisagem configura um cais nem a vivência no local era de veraneio. 

Durante a nossa comissão (CCAÇ 4142/72) não houve notícia de qualquer actividade náutica do PAIGC que tivesse levado a apresamento de embarcação, nem aqueles que nos passaram a "Herança" -  38.ª CCmds  e a CART 3417 - nos relataram qualquer história relacionada. 

Por outro lado, não há na foto qualquer traço fisionómico que a memória ou a comparação com fotos da época me ligue a elementos conhecidos. Há a hipótese de se tratar de quem nos substituiu no local já em Agosto de 1974, mas o porto e a barca não dão com a perdigota. 

Que continue a tentativa da descoberta.  O meu agradecimento aos editores do blogue pelo trabalho feito e um grande abraço solidário a todos os camaradas de armas que pisaram as bolanhas de Gampará, em especial ao meu amigo Virgílio Valente e ao Amílcar Mendez.

Até breve,

Eurico Dias, ex-Alf.Mil da C:Caç. 4142/72.   

(iii) Mensagem do Amílcar Mendes (38ª CCmds, 1972/74), postada no Facebook da Tabanca Grande, 28/1/2021

 Não me parece ser um cais . Muito menos o de Gampará .

O cais de Gampará ficava a cerca de 3 Km do destacamento . A picada era extremamente perigosas . Era sempre os picadores que encabeçavam a escolta e muito perigoso para se estar nestes propósitos de descontração .

Poderá ter sido já depois do 25 de Abril .

A minha companhia (38ª CCmds) esteve lá três meses em intervenção e demos um operacional Comando aos Herdeiros de Gampará  [, CCAÇ 4142/72].

Forte abraço para todos e ao Alferes "Chinês" [Virgílio Valente] um especial.

(iv) Comentário do Carlos Barros (*)

Boa tarde; pelo que tenho conhecimento, a canoa estava escondida no meio da "tarrafe" e foi encontrada nesse "cais" improvisado, no rio Geba. A diversão dos nossos amigos com a canoa processou-se porque o local era seguro e, provavelmente, poderia ser uma canoa do PAIGC ou da pouca população que existia em Nova Sintra, o que duvido. Essa canoa ficou nesse local e não foi trazida para Nova Sintra e o seu destino final desconheço.

Um abraço
Carlos Manuel de Lima Barros
ex-furriel Barros, BART 6520/ 2ª Cart
 
PS - Uma rectificação: o local preciso onde a canoa foi encontrada, escondida no meio do "tarrafe", foi concretamente num local chamado "Tabanca Velha", uma zona abandonada pelo PAIGC que tinha sido bombardeada pela aviação e arilharia, em 1963/64, tendo o PAIGC abandonado o local que servia de base para ataques a Bissau. 

Era uma zona totalmente queimada - talvez por bombas de napalm - , e as tabancas estavam todas carbonizadas , tendo a população afeta ao PAIGC abandonando o local. 

De facto, a "Tabanca Velha" ficava a caminho do cais de Lala, Nova Sintra, perto do local onde depositávamos o lixo armazenado

O Furriel Mecânico Auto José Pareira Silva Elias, a pedido de muitos soldados mecânicos da nossa companhia e da CCS, transportou nas viaturas esses amigos que queriam apenas momentos de diversão,no rio ou bolanha. 

O local era seguro mas, na Guiné,  nem tudo era seguro e, por sorte, nunca foram atacados pelos guerrilheiros do PAIGC. A canoa ficou no mesmo local e provavelmente recuperada pela parca população de Nova Sintra.